No dia 1º de abril, mais um capítulo da taxação de compras em plataformas internacionais entrará em vigor no Brasil. Após a ampla discussão sobre a famosa “Taxa das Blusinhas” no final de 2024, o tema volta aos holofotes, agora por um motivo diferente: o aumento do ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços). Antes fixado em 17% sobre compras internacionais, o imposto subirá para 20%, conforme anunciado pelo Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal.

O ICMS é um imposto cobrado de maneira integral para o consumidor final, afetando diretamente os grandes e-commerces internacionais, como Shopee, Shein, AliExpress e Amazon. Na prática, um produto importado que custa R$ 100, antes, com o ICMS a 17%, saía por R$ 117. Após a alteração, com a alíquota elevada para 20%, o mesmo item passará a custar R$ 120. A elevação da alíquota preocupa especialistas que enxergam na mudança um risco para a competitividade das plataformas de compras internacionais.

“O aumento do ICMS representa um desafio para as plataformas de e-commerce internacionais porque o acréscimo na alíquota encarece diretamente os produtos, reduzindo a competitividade das varejistas estrangeiras e impactando o volume de compras dos brasileiros”, avalia Rodrigo Giraldelli, CEO da China Gate, especialista em importação China/Brasil.

Segundo dados da Receita Federal, em 2024, foram registradas 187 milhões de remessas internacionais, uma redução de 11% em relação a 2023. Uma análise mais detalhada, obtida por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelou que a “Taxa das Blusinhas” impactou diretamente o mercado, resultando em uma queda de 40% nas importações de produtos de até US$ 50 no primeiro mês de vigência da taxação.

tendência de queda nas compras internacionais tem sido reforçada por recentes dados do programa Remessa Conforme, que indicam uma redução no volume de pacotes processados. Em janeiro de 2025, o número de pacotes ficou em torno de 11 milhões, uma queda de 27% em relação ao ano anterior, e 43% abaixo do maior volume já registrado. Além disso, o valor financeiro das transações também caiu 6%, apontando que a nova tributação já está afetando a dinâmica do comércio internacional.

“O objetivo do governo é proteger o comércio brasileiro e fortalecer a economia do país, além de gerar mais receita com os impostos arrecadados e equilibrar a concorrência entre o varejo nacional e os e-commerces estrangeiros.” explica Giraldelli.

A longo prazo, a taxação de compras internacionais gera a necessidade de ajustes estratégicos por parte das empresas internacionais, seja na precificação, na logística ou até mesmo na forma como operam no Brasil.