Relatório de investigação da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE) evidencia o envolvimento do advogado Rodrigo Moreira de Figueiredo, que é servidor comissionado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), ocupando a função de assessor de um juiz, com salário de R$ 9 mil, no tráfico de drogas. Ele foi preso nesta terçafeira (5) na Operação Doce Amargo 3, e conforme prints e imagens que fazem parte da investigação, o jurista negociava e fornecia drogas para outro traficante em Cuiabá.

Em prints de trocas de mensagens entre Rodrigo e um potencial comprador, o advogado garante ter a droga para a hora que o comprador quiser, além de oferecer preços baixos e boa qualidade. A operação da Polícia Civil cumpriu 151 ordens judiciais, sendo 43 mandados de prisão preventiva, 54 mandados de busca e apreensão e 54 ordens de bloqueio de contas, com alvo especialmente em traficantes de drogas sintéticas que atuam em toda a região metropolitana de Cuiabá.

Também foram cumpridos mandados no estado do Paraná. Além de Rodrigo, Maria Eduarda Aquino da Costa Marques, que atuava como assessora técnica na Assembleia Legislativa (AL-MT) também foi presa junto de outros 21 suspeitos de atuarem como traficantes de drogas sintéticas em Cuiabá.

Rodrigo foi preso num edifício de luxo no bairro Goiabeiras, região nobre de Cuiabá, onde mora. As investigações da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes também trazem fotos e mensagens trocadas pelos investigados nas redes sociais.

Tanto que Rodrigo foi incriminado justamente por prints em conversas por aplicativos de mensagem. Logo, de início, com base nas mensagens enviadas pelo suspeito, os investigadores constaram que Rodrigo não poderia ser um mero usuário de drogas, mas sim um fornecedor.

Isso porque, em conversa com outro investigado identificado como Fabiano Saffe, inicialmente, a investigação conclui de que o advogado é apenas um usuário de drogas. Já que nas mensagens entre os dois, ainda no dia 3 de junho de 2023, Saffe lhe envia imagens do produto e ainda lhe informa o valor da grama da droga.

No entanto, no mesmo dia, momentos depois, o advogado afirma a Fabiano Saffe que tem droga de melhor qualidade e por um preço melhor. “Cara, tenho pra hr que vc quiser. Só fazer um rateio aí e me falar a quantidade”.

Diante disso, com base nas análises da perícia técnica, o relatório DRE conclui que há evidentes elementos de que Rodrigo não somente trafica drogas em pequenas quantidades, como fornece os ‘produtos’ para demais traficantes. Ainda de acordo com o documento policial, ficou claro aos investigadores da DRE que Rodrigo atuava como traficante. "Só fazer um rateio aí e me falar a quantidade" diz uma das mensagens enviadas por ele, que atuava como traficante e ainda utilizava de outros contatos para fornecer o entorpecente com qualidade melhor e preço mais baixo.

“É bem notório que o investigado Rodrigo de Figueiredo realiza o comércio ilícito de drogas, e ainda mais prevalece de seus outros contatos para fornecer o entorpecente ilícito de uma qualidade melhor e preço mais baixo, para ganhar cada vez mais mercado e adquirir ainda mais a credibilidade com quem já faz negócios ilícitos com ele”, diz trecho do relatório que também aponta Rodrigo Moreira de Figueiredo como réu numa ação penal pelo crime de receptação. O processo tramita desde 2015 e ainda não recebeu sentença de mérito para absolver ou condenar Rodrigo.

Tal falto, inclusive foi utilizado para pedir a prisão preventiva do advogado, foi deferida pela Justiça. "Nos termos do Enunciado nº 6, do TJMT: “O risco de reiteração delitiva, fator concreto que justifica a manutenção da custódia.

Segundo as investigações da DRE, os traficantes atuavam de maneira associada, dividindo tarefas e sendo fornecedores diretos de outros contatos, domando valores para a compra de maior quantidade de droga, com maior qualidade. Outra parcela dos envolvidos se associava ao grupo, fornecendo drogas a terceiros, captando usuários e gerenciando uma espécie de rateio. 

Foram identificados traficantes envolvidos com o comércio de drogas sintéticas, como ecstasy, MDMA, LSD, popularmente conhecidas como “bala”, “roda” e “doce”, além de outras substâncias como variações de maconha, comercializadas a usuários de alto poder aquisitivo em bairros nobres da Capital e em festas.

PRISÃO PREVENTIVA
1. Anderson Rodrigo Gois de Oliveira
2. André Eduardo de Andrade Silva
3. Andre Luiz Cordeiro de Souza
4. Arthur Gallio de Oliveira
5. Benner Junior Galdino Andrade
6. Carlos Henrique Ribeiro Teixeira
7. Claudio Felipe Barbacovi
8. Danilo Hendrick Silva Ferreira
9. Danrley Willyam Soares Moreira
10. Everton de Oliveira Silva
11. Evily Eduarda da Silva Souza
12. Fadel Zogaib Filho
13. Fabiano Antonio Alves Saffe de Moraes Júnior
14. Felipe Matheus Celestino Silva Ayres
15. Felipe Sartori
16. Gabriel de Oliveira Albuquerque Jorge Bruno
17. Gabriela Ledur Gomes
18. Geovane Arantes Albino
19. Gianlucca Augusto Faria
20. Gustavo Borges de Arruda Ofugi
21. Iura Maciel de Oliveira
22. Janesleia da Silva Pereira
23. Jimi Hendrix Alves da Silva
24. Joilton Dias Duarte Junior
25. Joel Roberto da Costa Junior
26. Jorclei da Silva Cabral Junior
27. José Almerio Queiroz da Mata
28. Juan Chaein Costa da Silva
29. Kemilly Karisia Soares Magalhães
30. Lucas Mendes Rios
31. Maicon Douglas Guimarães da Silva
32. Maria Eduarda Aquino da Costa Marques
33. Matheus Nacor Carvalhedo de Arruda
34. Mauro Roberto de Souza Espinosa
35. Patrícia Toniazzo
36. Paulo Lucas dos Reis Aguiar
37. Rafaella Mattos do Nascimento Lopes
38. Rakelly Maria Ferreira de Lima
39. Renata Laila Silva
40. Rodrigo Moreira de Figueiredo
41. Tiago Antunes Couto
42. Yann Carvalho Patatas Botelho de Campos
43. Yghor Alves Maiolino
CONTAS BLOQUEADAS
1. Anderson Rodrigo Gois de Oliveira
2. André Eduardo de Andrade Silva
3. Andre Luiz Cordeiro de Souza
4. Arthur Gallio de Oliveira
5. Benner Junior Galdino Andrade
6. Carlos Henrique Ribeiro Teixeira
7. Claudio Felipe Barbacovi
8. Danilo Hendrick Silva Ferreira
9. Danrley Willyam Soares Moreira

Fonte: Folhamax/LUÍZA VIEIRA Da Redação