Está repercutindo fortemente em toda a região o áudio de uma conversa via chamada de WhatsApp, envolvendo uma empresária de Peixoto de Azevedo e um comerciante de Matupá, conhecido como “Francisco da Bella Casa”.


Empresário Franscico da Bella Casa

(Empresário Franscico da Bella Casa).

O áudio viralizou nas redes sociais e traz à tona mais um escândalo envolvendo o prefeito municipal Bruno Mena, que estaria se utilizando do cargo e do poder da caneta para beneficiar compadres e amigos mais próximos.

(FALA DO PREFEITO P FRANCISCO) https://www.nortaoonline.com/upload/audio/2024-03-16_audio-1.ogg

(FALA DO FRANCISCO CONFIRMANDO) https://nortaoonline.com/upload/audio/2024-03-16_audio-2.ogg

 

Na gravação, a moradora de Peixoto de Azevedo se apresenta como interessada em adquirir uma área de 30 mil metros quadrados o equivalente a três hectares, que foi invadida há mais de 20 anos pelo empresário matupaense.

(Audio empresária de Peixoto de Azevedo) https://nortaoonline.com/upload/audio/2024-03-16_audio-da-empresaria.ogg

O fato é que a área em questão está localizada no perímetro urbano, exatamente na área de expansão da cidade, e como é do conhecimento da população, o terreno pertence ao município.

O telefonema evidencia aquilo que se caracteriza “tráfico de influencia” ou a melhor definição de “atuar em causa própria”, uma vez que Francisco afirma categoricamente integrar a comissão municipal que trata da regularização fundiária urbana.

(Comissão municipal de regularização fundiária urbana).

A reportagem teve acesso à gravação que é nítida e compromete diretamente o prefeito Bruno Mena em mais uma transação que gerou prejuízos milionários ao município.

Para conseguir o intento de regularizar a área invadida, Chico da Bella Casa contou com uma “mãozinha” do prefeito, ao ser classificado como sendo de baixa renda, quando na realidade se trata do proprietário de uma das maiores lojas de móveis da região do extremo-norte.

Logo no início do telefonema fica claro que o contato foi feito pela empresária peixotense que se diz interessada em comprar o terreno.

Empresária - “Alô...é Seu Francisco?”

Chico da Bella Casa - “Sim é ele mesmo.”

Empresária - “Tá lembrado de mim? Eu sou cliente da sua loja...”

Chico da Bella Casa – “Tô... tô lembrado sim.”

Empresária – “Deixa eu te perguntar. Eu estava vindo de Guarantã agora, éh, o senhor tem uma área pra vender ali pra trás, perto ali da cidade, não tem?”

Chico da Bella Casa – “Isto, do lado direito da BR-163, do lado da Magel. Estou vendendo ali.”

A chamada de áudio durou cerca de 19 minutos. A empresária quis saber detalhes sobre o terreno, o valor e quais as condições de pagamento.

Empresária - “É grande a área alí, Seu Francisco?”

Chico da Bella Casa - “Sim... eu tô vendendo em partes, por lotes e a área toda também. Dá pra escolher. Tem pra todo o gosto.”

Empresária - “Ai que bom! E é grande alí, Seu Francisco?

Chico da Bella Casa – “A área total dá 30 mil metros quadrados, dá três hectares.”

Demonstrando insegurança e preocupação em relação ao terreno por se tratar de uma área de chácaras de domínio público, a mulher pergunta sobre o preço.

Empresária – “E o valor de tudo ali, quanto que é?”

Chico da Bella Casa – “Nós pegamos as partes e dividimos em cinco lotes de mais ou menos 30 x 70, mais ou menos.”

Empresária – “Não entendi...como é que é? Cinco lotes...”

Chico da Bella Casa – “Nós dividimos em cinco lotes. Cada lote de 30 x 70 – 30 x 80, que vai até na água embaixo. 2.400 metros a 3.000 metros quadrados cada lote... Em valores, vai dar ai de R$ 350 mil a R$ 400 mil cada lote.”

Empresária: “Tá caro Seu Francisco.”

Chico da Bella Casa - “É por causa da frente da BR né, pela localização.”

Empresária – “E toda a terra então vai ficar o que? Um milhão e meio?”

Chico da Bella Casa – “Pegando todos os lotes?”

Empresária – “Éh..”

Chico da Bella Casa – “Todos eles dá o valor de dois milhões.”

A empresária questionou se a casa construída na área estaria inclusa no valor. O comerciante disse que não. Conforme ele, os lotes localizados nos fundos da área estão sendo comercializados a R$ 160,00 o metro quadrado, enquanto que os terrenos que ficam de frente para a BR-163 valem mil reais o metro. Toda a área, incluindo a casa sairia por aproximadamente R$ 10 milhões.

Na medida em que a conversa se desenrolava, as afirmações do empresário tornavam-se ainda mais comprometedoras.

A mulher quis saber se, em adquirindo a área, não teria problemas com a prefeitura. Chico da Bella Casa foi taxativo: “ Não..não! Aqui está escriturada já... Está tudo pronto. Tudo liberado, tudo certo. Escriturado e documentado”, garantiu ele.

No diálogo com a empresária, Francisco deixa claro que não existe nenhum risco na transação. A moradora de Peixoto quis então saber se o terreno estaria mesmo liberado pelo prefeito Bruno Mena. Este trecho da gravação compromete sobremaneira o gestor de Matupá.

Empresária – “Eu tô te falando porque um pessoal que é vizinho seu ali pra baixo diz que o Mena tomou dois lotes daquele véio lá.”

Chico da Bella Casa – “Não.. não tomou, ali tinha coisa irregular. Do meu lado está 100% escriturado, liberado, em meu nome. Não tem nenhum enrosco.”

Empresária – “”Eu tô lhe perguntando, porque um dos filhos lá também quer vender e ele disse que o Mena cobrou, parece que 95 mil, se eu comprar eu terei que pagar este 95 mil. O senhor já pagou para a prefeitura. Tem um comprovante que o senhor pagou?”

Chico da Bella Casa – “O meu tá livre.. Se eu quiser eu vendo toda a área agora para a senhora.”

No telefonema o prefeito Bruno Mena é citado como uma espécie de corretor de imóveis e estaria se empenhando pessoalmente para auxiliar o empresário na venda dos lotes.

O envolvimento do prefeito na transação vai muito além disso. Com o objetivo claro de beneficiar o empresário em sua gana por uma área pública, a prefeitura lançou recentemente um projeto de pavimentação asfáltica na via paralela à BR-163, exatamente na frente do nefasto empreendimento, no trecho que compreende do Posto Bandeirantes ao Posto Mirian.

O que mais chama a atenção da sociedade matupaense é o fato do empresário atuar em causa própria ao integrar a Comissão de Regularização Fundiária da qual fazem parte representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Câmara Municipal de Vereadores dentre outros segmentos.

Para alguns munícipes, por uma questão de ética e em nome da lisura do processo, Chico da Bella Casa não deveria compor tal comissão, exatamente pelo interesse envolvido.

A população de Matupá, cuja maioria dos moradores trabalha duro para conquistar seus objetivos, espera uma manifestação urgente dos órgãos de controle e fiscalização, incluindo Procuradoria Geral da República/MT e Poder Legislativo Municipal diante de tamanho descalabro.

Para chamar a atenção dos senhores munícipes com relação a lei 1363 de 28 de março de 2023, de autoria do Prefeito Bruno Mena, que trata da regularização fundiária do setor da linha do secador, nessa lei está colocado valores de R$ 2,00 para o empresário Francisco da Bella Casa, regularizar o metro quadrado e de R$ 36,15 para os pequenos regularizarem. Ficando assim o metro quadrado na mesma linha do secador, um valor a maior em 1.700 por cento.

Outro ponto que chamou atenção da sociedade de Matupá é que um outro projeto, também de regularização que será na linha do aeroporto de autoria do Prefeito Bruno Mena, Lei nº 1377, do dia 23 de maio de 2023, terá uma cobrança no valor de R$36,15, um valor a maior em 1.700 por cento, diferente do que foi cobrado para o empresário Francisco da Bela Casa ocupante da linha do secador, que foi de R$ 2,00 o metro quadrado.

Conforme ouvimos na transcrição do áudio acima, o próprio empresário menciona valores de 1.000,00 o metro quadrado, onde o mesmo pagou R$ 2,00 o metro quadrado numa área pública com aprovação da comissão de regularização fundiária, e agora está vendendo toda área por 10 milhões de reais.

Placa de pavimentação

Para facilitar a venda da área, o empresário Francisco da Bela Casa, cita na sua fala em conversa com o Prefeito Bruno Mena, o início da pavimentação em frente à área mencionada, demonstrando um interesse fora do comum pela valorização para uma possível venda. Enquanto isso os humildes moradores do bairro bom jardim (bairro dos Índios), já totalmente habitado por famílias carentes não recebeu nada de pavimentação.

Fonte: https://www.nortaoonline.com